sábado, setembro 22, 2007

"ESTAR DOENTE E SER DOENTE"...

A medicina chama de “entidade mórbida” qualquer desvio ou perturbação da saúde. Quando toma conta de todo o corpo, seu nome passa a ser “doença”. Se é apenas num órgão ou numa função, digamos o fígado, chama-se “afecção”. Caso se trate, por exemplo, de um braço fraturado ou de uma queimadura, o nome é “traumatismo”. Enfermidade, então é sinônimo de doença.

Quando se prolonga, a doença é chamada “crônica”. Quando é brusca e acentuada, diz-se “aguda”. As doenças crônicas agravam-se temporariamente uma ou outra vez: são as “crises”.

Os tratados de patologia (ciência médica que estuda as diversas entidades mórbidas) descrevem os sintomas, isto é, os sofrimentos, as perturbações e os desconfortos de cada doença. Neles, também se encontram as indicações etiológicas, ou seja, a determinação das causas, dos agentes e das condições que geram a doença. Chama-se “síndrome” um conjunto de sintomas, formando um quadro, sem caracterizar propriamente a doença.

O indivíduo mais sadio pode, em determinado dia, sofrer uma infecção, por exemplo. Ou ter uma indigestão e até ir para a cama. Seria injusto dizer que ele é um doente. É um ser sadio, que está doente. Quem tem saúde, quando cai doente, sofre menos e si logo da crise.

Em oposição a isso, há milhões de criaturas que, nas ruas, nos escritórios, nas boates, em toda a parte, trabalhando ou divertindo-se, aparentam ser saudáveis, mas, na realidade, embora não estejam em um leito de hospital, verdadeiramente não gozam de euforia, eutimia (perfeito estado de sossego) e eurritmia, não desfrutam das energias, das harmonias, e do bem-estar físico, mental e social que caracterizam a saúde. Infelizmente, este é o caso da imensa maioria da humanidade. Muitas pessoas, consideradas normais, até agora não descobriram o que é ter saúde, o que é viver sadiamente. Por falta de uma educação para a saúde, muita gente nem sabe que é doença.

Diante de uma pessoa aleijada, não podemos dizer com segurança: eis um homem doente. Ele pode ser mental e organicamente sadio. Diante de outra pessoa que exibe uma aparência de saúde, não podemos dizer: eis um homem sadio. Não sabemos se trata-se de um desses infelizes que já passaram a tomar como normal um estado enfermiço crônico, uma incapacidade qualquer, ou mesmo uma invencível tristeza, um medo de viver, e se mantêm à custa de medicamentos.

É preferível ser um cego saudável a ser uma pessoa inteira, mas cronicamente vencida, não acha? Já se foi o tempo em que se considerava doença apenas uma insuficiência ou um mal-estar físico.


Matéria retirada da revista Vida & Yoga cedida pelo Professor Hermógenes
(setembro 2007)