sexta-feira, novembro 26, 2010

A LAGARTA QUE TEM MEDO DE ALTURA NUNCA VIRA BORBOLETA





Ninguém pode mudar e permanecer o mesmo, ao mesmo tempo...





O primeiro passo para uma transformação verdadeira é estar aberto a ela. Parece óbvio, mas no dia a dia não é tão simples assim. Na maioria das vezes, queremos mudar e, ao mesmo tempo, permanecer os mesmos! Vejo isso diariamente na minha sala de aula. Como acredito que o Yoga que praticamos em cima do nosso tapete é um laboratório para o Yoga que fazemos na vida, vou usar um exemplo bem simples e corriqueiro. Toda vez que vou dar uma aula em que trabalhamos a abertura de quadril, ou a preparação para padmasana, postura de lótus, escuto os mesmos comentários: “Ah, isso acontecerá somente em outra encarnação!”. Ou algo como: “Por favor, me passe outra coisa para fazer, pois isso é impossível com o corpo que tenho”. Ou ainda, quando alguém diz que quer fazer Yoga para aprender a relaxar, mas não tem paciência para fazer savasana, o relaxamento final. Em sua maioria, os comentários precedem qualquer tentativa para se fazer a postura, sendo interessante observar que esses alunos constantemente reclamam de dores exatamente nas partes que estou propondo trabalhar.



Normalmente, nos encontramos presos nesse paradoxo e gostaríamos de mudar, mas a lembrança de quem eu era ontem não permite me entregar à possibilidade de me tornar alguém diferente.



É quase assustador imaginar que eu possa ser e, principalmente, pensar de maneira diferente do que sou e penso neste exato momento. A dificuldade de se entregar à transformação está no fato de que temos de pesar os prós e contras da mudança com a cabeça de quem somos agora. Nós nos deixamos prender pelos condicionamentos e nos tornamos escravos de nossas supostas necessidades. É como alguém que quer fazer terapia pois está insatisfeito com seu trabalho, ou outro porque tem dúvidas se deve se casar com a noiva atual. Ambos desistem de enfrentar uma decisão de mudança antes mesmo de começarem a refletir realmente sobre o assunto. O primeiro tem medo de que a terapia o faça deixar seu trabalho e o outro, de que chegue à conclusão de que gostaria mesmo é de separar da companheira.



O passo inicial para a transformação é a entrega. O desejo sem a ação não nos levará a lugar algum. É preciso confiar no nosso poder interior e não permitir que a pessoa que fomos ontem emperre o nosso futuro.



O que seria da borboleta se a lagarta não quisesse entrar no casulo com medo de ter de aprender a voar?



Namaskar!





(Isabela Fontes, revista Prana Yoga Journal, dez 2009)


terça-feira, novembro 23, 2010

DIETA PAR VIVER FELIZ

A mudança inadiável...




Qualquer tratamento geriátrico propõe uma inteligente disciplina alimentar, pois nossos hábitos alimentares, desde a infância, geralmente pecam, seja por carência de nutrientes, seja por intoxicar o meio interno, seja por agressão ao aparelho digestivo, seja por produzir excitamento, seja pela indigência energética. É por tudo isso que nosso autotreinamento sugere uma nutrição que, em vez de promover doenças, promova saúde; em vez de antecipar ou acelerar a entropia ou degradação do sistema, a retarde e desacelere. O autotreinamento se propõe a evitar que o homem continue usando os dentes para abrir a própria sepultura.

Convido-o a repensar seus velhos hábitos alimentares e, a partir daí, começar as inadiáveis correções. Não resta dúvida de que hábitos alimentares desnaturados, em geral atendendo somente aos caprichos do paladar, nos adoecem, enquanto a nutrição inteligente restaura e preserva a saúde.

Levando em conta que será difícil para você mudar maus hábitos alimentares que o vêm condicionando por dezenas de anos, e simultaneamente aderir aos novos, promotores de vida, tentarei esclarecer os porquês da mudança.

Primeiro tente compreender e depois ponha em prática o que disse Hipócrates, denominado o Pai da Medicina: “Que o alimento seja teu único remédio”.




NUTRIÇÃO HIGEOGÊNICA (HIGEOGÊNICO É TUDO QUE GERA SAÚDE)




Gostaria de poder explicar melhor, mas não tenho como detalhar todos os porquês das diferentes sugestões para uma nutrição desintoxicante, antioxidante e geradora de saúde. Para não ultrapassar os limites deste livro, cabe-nos contentar-nos com indicações sintéticas e gerais sobre o que fazer e o que evitar. Quem quiser saber mais, leia Autoperfeição, com Hatha-Yoga; Paz, amor e saúde; Saúde plena: Yogaterapia e Yoga para nervosos.

Progressivamente adote a alimentação vegetariana. Sem repressão e sem ansiedade, pare de intoxicar-se devorando bicho morto.

Substitua o açúcar refinado por melado, mel, açúcar mascavo ou estévia. Vença a compulsão de comer os tão apetitosos docinhos, refrigerantes industriais, caramelos, sorvetes e tortas. Açúcar gera dependência, igual às outras drogas.

Evite farinhas brancas (macarrão, pão, pizza). Consuma somente cereais integrais (arroz, milho, trigo, aveia).

Aumente o consumo de frutas, legumes, tubérculos, raízes e folhas verdes, que fornecem vitaminas, sais minerais e fibras.

Evite os extremos – comer demais ou escassamente. Nada de usar moderadores de apetite. O autotreinamento que este livro ensina, e você vai praticar, pode lhe assegurar tranqüilidade psicológica e harmonia interior; desta forma, se droga e seus perturbadores efeitos colaterais, o apetite virá a ser moderado e sadio.




(Profº. Hermógenes, Saúde na terceira idade, p.173)






Ao estudar a vida de grandes professores e místicos, um aspecto se ressalta: eles costumam sempre dar orientações quanto à alimentação. Talvez por ser um gesto tão cotidiano e diário, acabamos por nos distrair em relação ao modo de nos alimentarmos. Eles nos propõem a mudança e a transformação, parece que a mudança do hábito alimentar é um caminho importante para a elevação da consciência e, também, cuidado com o corpo. Neste texto, Hermógenes faz esse papel, algumas vezes árduo, de sair da normalidade danosa para uma vida plena e saudável. (Vitor Caruso)

Texto retirado da revista Prana Yoga Journal, outubro 2009)